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Gandini vai buscar fundo para investir em pesquisa de estudantes sobre microplásticos

7 de junho de 2024

O parlamentar recebeu na Comissão de Proteção ao Meio Ambiente da Assembleia Legislativa um grupo de alunas da Escola São Domingos, que encontrou microplásticos na água, na cerveja, no suco e no leite

O presidente da Comissão de Proteção ao Meio Ambiente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Fabrício Gandini (PSD), recebeu no dia 05 de junho três alunas da Escola São Domingos, de Vitória, para apresentar o resultado de uma pesquisa inédita: a presença de microplásticos em bebidas industrializadas consumidas no dia a dia, tais como: como água, cerveja, suco e leite. Após a reunião, o parlamentar anunciou que entrará em contato com o Fundo Estadual de Meio Ambiente (Fundema), para buscar investimentos e continuidade da pesquisa.

A reunião foi realizada no Plenário Rui Barbosa e contou com a presença das estudantes Ana Luísa Marinato, Beatriz Fava Souza e Júlia Lima, que desenvolveram a pesquisa com a ajuda do professor Gustavo Martins Rocha, além de membros da escola, representantes da Companhia Espírito-Santense de Saneamento (Cesan) e do Conselho Regional de Biologia.

Inicialmente, o deputado parabenizou o esforço e desempenho das alunas, que agradeceram a oportunidade de estar presente na Comissão. A estudante Júlia explicou que o microplástico é resultado do plástico não reciclado que acaba chegando até a natureza, podendo causar danos enormes ao meio ambiente e ao corpo humano.

“Conforme a gente vai ingerindo o microplástico, que possui metais pesados, ele vai se acumulando no nosso corpo e não é excretado”, pontuou Júlia.

Beatriz apresentou a metodologia usada na pesquisa. Segundo ela, primeiro foi realizada uma filtragem a vácuo, depois eles foram armazenados em placas e levados à estufa para secar e, por fim, foram contabilizados e testados para comprovar que se tratava de plástico.

Para finalizar a exposição, Ana Luísa mostrou os resultados. Pela análise, a presença dos fragmentos não vem das embalagens dos produtos, mas provavelmente de um processo industrial na fabricação.

“Encontramos microplástico em todos os itens analisados, e o tipo mais encontrado foi o fragmento encontrado no suco”, exemplificou.

O grupo realizou a pesquisa a partir da análise de 10 produtos de diferentes marcas e lotes. O estudo foi feito nos laboratórios da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) durante um mês.

Gandini observou que, para chegar a uma legislação, é necessário um parâmetro estudado do que seria uma quantidade segura de ser encontrado o microplástico. “O estudo vai ajudar o Estado a determinar quais são os limites possíveis de se encontrar isso nos alimentos”, avaliou.

A gerente de Meio Ambiente da Cesan, Juciene da Silva Mota, respondeu a possibilidade dos fragmentos estarem vindo da água tratada. “Já está em andamento várias pesquisas nesse sentido, que avaliam a capacidade de remoção de resíduos por sistemas de ultrafiltração, com uma capacidade mais precisa. Isso já está sendo avaliado pela Cesan para que seja implantado no tratamento da água e já temos uma estação pequena em teste com o filtro”, contou.

Gandini, por sua vez, solicitou uma visita com as alunas a essa estação em teste de ultra filtração, para contribuir na pesquisa.

Ao final, o parlamentar entregou para as estudantes um Voto de Congratulação, uma homenagem da Assembleia Legislativa aos bons exemplos da sociedade. Ele também reforçou que a pesquisa precisa continuar.

“Com o Estado a gente já está conversando através do Fundema, para ver se tem um apoio para a continuidade dessa pesquisa. É uma parte relevante a continuidade e a reunião foi importante para divulgar o assunto e abrir esse campo de pesquisa no Espírito Santo. A gente pode talvez contribuir nacionalmente para um resultado ou uma política pública”, explicou Gandini.

O trabalho, denominado Primeira Investigação da Presença de Microplásticos em Bebidas, foi premiado na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) e no Fórum Cenário das Condições Crônicas Não-Transmissíveis (CCNTs). O estudo também será apresentado na Feira Nacional de Ciências, na Universidade de São Paulo (USP), e também poderá ser levado aos Estados Unidos.

Membro do colegiado, a deputada Iriny Lopes (PT) destacou a relevância da pesquisa para a sociedade, além do conhecimento adquirido pelas alunas, e elogiou os coordenadores da escola. Mas alertou que é preciso pensar no processo de toda a cadeia produtiva. Ela destacou o papel da reciclagem dos resíduos coletados.

“Temos que voltar a ter na Grande Vitória, especialmente, com a obrigatoriedade da coleta seletiva, principalmente pela quantidade de habitantes e o volume produzido de resíduos. São poucos os municípios no Estado, atualmente, que fazem a coleta seletiva”, registrou a deputada. 

Segundo Gandini, “Vitória, infelizmente, reduziu a quantidade de coleta de resíduos neste ano. A gente tinha a meta de neste ano chegar a 10% do volume de resíduos, e estamos em 2%, diminuindo de 3%”. O deputado destacou o trabalho desenvolvido no município de Viana que, segundo ele, é referência na reciclagem e na agroecologia.